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Erros no vestibular



O Campeonato Mineiro 2018 chegou ao fim para o América. A eliminação na semifinal perante ao rival Atlético colocou ponto final na participação do Coelho no Estadual. O adeus foi dolorido como qualquer outro, afinal, sair de um campeonato na penúltima fase é sempre chato. Mas, ele trouxe alguns ensinamentos para o time americano, que se bem assimilados, podem influenciar no rendimento da equipe ao longo da temporada.


Foto: Fox Sports

Em termos estatísticos o América não teve um mau desempenho no Campeonato Mineiro. O time terminou a primeira fase em segundo lugar com 21 pontos. Contando as fases decisivas, foram 14 jogos com 7 vitórias, 3 empates e 4 derrotas. Mas se analisarmos o contexto, chegaremos a conclusão de que, sim, o América poderia ter feito mais na competição.

O atual campeão da Série B do Campeonato Brasileiro se destacou contra os pequenos do Estado. Não dá nem para dizer que foi um destaque, acho que o termo “impôs” se encaixa melhor, já que o América não fez nenhum jogo vistoso neste Estadual. Já contra os dois rivais da capital, o Coelho não passou no teste. Perdeu para Atlético e Cruzeiro na primeira fase, sem marcar nenhum gol. Na semifinal, outros dois jogos contra o Atlético e, novamente, foi derrotado sem conseguir balançar as redes.

Diante disso, o que esperar desse América na Série A do Campeonato Brasileiro este ano? É ai que entra os ensinamentos. Nas derrotas para Atlético e Cruzeiro, os comandados de Enderson Moreira foram, de fato, inferiores. Contra o Cruzeiro, quando o Coelho perdeu de 1 a 0, o América foi dominado nos dois tempos. Teve menos posse de bola, 46%, e abusou dos lançamentos e bolas alçadas na área. Foram 48 ligações diretas ao ataque e 29 cruzamentos, sendo 26 errados. Finalizou menos também: 7 chutes contra 16 da raposa.

Na derrota por 3 a 0 para o Atlético, na primeira fase, no polêmico jogo das bolas que entraram e não, o Coelho novamente ficou menos tempo com a bola, 49%, e chutou 6 vezes ao gol de Victor, a metade do número de finalizações do rival. Outro detalhe, o América cruzou 24 bolas na área atleticana e errou 20. Na semifinal, outra vez, o Coelho foi inferior ao Galo. Nos dois jogos o Atlético ficou mais com a bola, sendo que no primeiro, atingiu incríveis 62% de posse. O América voltou a explorar lançamentos. No acumulado da semifinal, foram 82, contra 60 do adversário. Usou e abusou dos cruzamentos também. Foram 66 no total, sendo 51 errados.

Bem, então o que podemos tirar dessa análise? Podemos concluir que falta ao América qualidade na manutenção da posse da bola e na execução de jogadas a partir do momento em que se tem a redonda nos pés. Os números são claros ao apontar o alto índice de lançamentos e cruzamentos nos jogos contra os dois rivais da capital mineira. Isso é prova, primeiro, da boa marcação do adversário, temos de considerar. Mas também da falta de qualidade do ataque americano de saber o que fazer com a bola e em não conseguir criar chances de gol.

Foto: Atlético MG

O esquema de Enderson, 4-2-3-1, com dois jogadores abertos pelos lados do campo está muito sisudo. Há pouca movimentação, pouca troca de posições, pouco apoio na progressão. Serginho, Ruy ou Renan Oliveira, que jogam como meias centrais na penúltima linha de jogo, são alvos fáceis para os marcadores, pois contam com pouca ajuda dos pontas e dos volantes.

Para superar os desafios da Série A e permanecer na elite do futebol nacional, o América terá de fazer muito mais do que fez no Estadual. Apesar de conseguir a maioria dos atletas que disputaram a Série B do ano passado, ainda falta química a esse time, que não é ruim, pelo menos acredito ser um plantel capaz de se manter na primeira divisão.



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