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Justiça ao melhor


Se o técnico Tite fosse comentar a vitória do Atlético sobre o Corinthians, por 1 a 0, com toda certeza ele diria “Ganhou por merecimento”. Dá até para imaginar ele dizendo isso, né?! Em uma tarde de polêmicas com arbitragem – mais uma vez favorecendo o Corinthians – o Galo se impôs durante os 90 minutos e sufocou o adversário até então invicto e líder do Campeonato Brasileiro.

Foto: Atlético MG

Em termos coletivos e considerando toda a partida, dá pra dizer que foi a melhor apresentação do Atlético no ano. A semana de treinos na Cidade do Galo surtiu efeito extremamente positivo e o Atlético soube explorar pontos falhos do time corintiano e anulou as jogadas fortes do clube paulista.

Thiago Larghi mandou a campo um Atlético com Adilson, Blanco e Luan no meio de campo, Roger Guedes e Otero abertos pelos lados e Ricardo Oliveira centralizado. Na teoria, seria um 4-2-3-1, com Luan jogando pelo meio na linha formada por três jogadores. Na prática, o esquema variou devido à mobilidade e versatilidade dos atletas. Quando o Atlético atacava o sistema alternava em 4-3-3, com Adilson avançando e formando a trinca de meio campistas com Luan e Blanco, e 4-1-4-1, com Adilson á frente da defesa e Luan e Blanco se juntando à Guedes e Otero na linha de quatro meias ofensivos.


Adilson nota o espaço para avançar e auxilia na jogada ofensiva. Ninguém acompanha o marcador atleticano.

Atlético com 9 homens no ataque contra 10 do Corinthians. O Galo avançou seus jogadores e acuou o Corinthians.   



Desta forma o Atlético conseguiu povoar o campo de ataque, dificultando o Corinthians na marcação, pois com mais jogadores no ataque o Galo tinha como rodar a bola mais rápido, evitando a marcação pressão do adversário. Um exemplo disso é que, no jogo todo, o Atlético além de ter mais posse de bola, 58% contra 42%, trocou muito mais passes, 530 contra 379 do time paulista, e com muito mais precisão, já que teve uma efetividade de 94% dos passes feitos. O Corinthians chegou a 89%.

E não só presença de ataque foi o diferencial, mas também a movimentação dos jogadores de frente para tentar achar espaços e furar a defesa corintiana, que mais uma vez marcou com duas linhas de quatro jogadores bem compactas. Ricardo Oliveira deu um trabalho danado para Balbuena e Henrique, pois diferente dos demais centroavantes, ele não ficou parado esperando bola. Ele correu, se movimentou, atraiu marcação e abriu brechas para a infiltração dos meias.

Atlético com seis jogadores próximos à área, incluindo os laterais Patric e Fábio Santos. Luan poderia ter passado para Roger Guedes, mas preferiu o chute.

Já na defesa, o Galo marcou em um 4-5-1 e escondeu o Rodriguinho entre seus marcadores. O meia-atacante, que marcou 3 gols nas duas primeiras rodadas do Brasileirão, vinha sendo o diferencial do Corinthians, mas pouco fez no jogo. Acertou apenas 7 passes e perdeu a posse da bola em 12 oportunidades. Só para se ter uma ideia, nas duas primeiras rodadas, Rodriguinho acertou 28 e 25 passes, respectivamente, o que significa que ele participou mais das ações de ataque.

Parar marcar Rodriguinho não foi preciso ter atenção só à ele, mas a quem faz a bola chegar nele, como Maycon, Mateus Vital, Clayson e Romero. Eles não tiveram espaços para avançar nas jogadas, ficaram muito no toque de lado, sem oferecer qualquer perigo ao gol de Victor. Nem mesmo Sheik melhorou o lado ofensivo no segundo tempo. Foram apenas duas finalizações certas do timão. Muito pouco para um atual campeão brasileiro.

Resumindo, o Atlético foi equilibrado em suas ações. Forte na marcação, intenso no ataque. Só não teve muitas oportunidades de gol, porque o Corinthians é um time muito sólido na defesa e conseguiu segurar o ímpeto atleticano em muitos lances. Mas água mole em pedra dura, você sabe o resto. Roger Guedes fez o gol legal e o gol ilegal – na interpretação do auxiliar -, mas não foi o único destaque. É preciso dividir com Gustavo Blanco e Luan, que foram o ponto de equilíbrio.

Foto: Getty Images

Blanco correu muito, errou apenas 3 dos 49 passes que deu no jogo e contribuiu com oito desarmes. Enquanto Luan errou 5 dos 71 passes, também contribuindo com a defesa dando 7 desarmes. Dois motorzinhos no meio de campo, que sabem defender e atacar com precisão.

O Galo vai ganhando forma para o campeonato, pode não ser um candidato ao título neste momento, mas certamente tem condições de surpreender a muita gente na competição.

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