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Peru: a saga de uma seleção comandada por um vilão


Após 36 anos, a seleção do Peru voltará a disputar uma Copa do Mundo. O que parecia ser impossível, diante do baixo desempenho na primeira metade das Eliminatórias Sul-Americanas, se tornou realidade no dia 16 de novembro do ano passado, quando os peruanos venceram a Nova Zelândia no segundo e decisivo jogo da repescagem mundial.

Foto: FPF

Foi uma vitória tão comemorada como se fora uma final de Copa do Mundo. Não, não foi exagero, foi a realização de uma nação que ama futebol e que, há décadas, implorava aos deuses desse esporte uma oportunidade de estar novamente entre a nata do futebol mundial.

Fácil não foi. Como mencionado no início do texto, o Peru não se encontrou nas 10 primeiras rodadas. Foram 5 derrotas, 2 empates e 3 vitórias. Nas 8 últimas rodadas, o vagão peruano entrou nos trilhos e a seleção obteve 4 vitórias, 3 empates e apenas 1 derrota. Se não bastasse, na última rodada, diante da Colômbia, no Estádio Nacional do Peru, em Lima, a seleção da casa perdia por 1 a 0 até os 30 minutos do segundo tempo. O resultado lhe tirava a quinta colocação, mas numa bela cobrança de falta, o atacante Paolo Guerrero empatou o jogo e alimentou o sonho.

Guerrero foi herói, mas não foi o grande destaque da campanha peruana. Seria, se não fosse o destino. Inicialmente criticado e marcado na história da seleção peruana como um grande vilão, o treinador argentino Ricardo Gareca teve papel relevante na classificação. Pode parecer história de filme, mas Gareca, em junho de 1985, quando atuava pela Argentina, marcou o gol que tirou a vaga direta do Peru na Copa de 86.

Foto: FPF

Na última rodada, as duas seleções se enfrentaram em solo argentino, e o então jogador Gareca fez o gol que igualou o placar em 2 a 2, dando a vaga à Argentina.  O Peru foi para a repescagem, mas acabou eliminado para o Chile. Chile que aliás foi eliminado desta copa com o gol de Guerrero contra a Colômbia.

Ricardo Gareca chegou à seleção peruana em fevereiro de 2015. Até aqui comandou a equipe em 39 jogos, acumulando 18 vitórias, 10 empates e 11 derrotas. Nos últimos dois amistosos, jogou no 4-4-2, mas gosta mesmo do esquema 4-2-3-1. O treinador não terá Guerrero, seu principal jogador. Ele foi flagrado no doping e terá de cumprir 14 meses de suspensão.

Assim, Jefferson Farfán se torna a principal referência peruana. O atacante do Lokomotiv Moscow, da Rússia, fez uma temporada regular no seu clube. Foram 32 jogos, com 14 bolas na rede e 7 assistências. Farfán tem vasta experiência no futebol europeu, onde joga há 10 anos, com passagens por clubes na Holanda, Alemanha e Rússia.

Foto: ESPN

Esta será a quinta Copa do Mundo do Peru, que fez a melhor campanha em 1970, quando ficou entre as oito melhores seleções. Neste Mundial, os sul-americanos caíram no grupo C, ao lado de Austrália, Dinamarca e França. O primeiro duelo será contra os dinamarqueses, no dia 16 de junho, às 13h (horário de Brasília), em Saransk.

CONVOCAÇÃO PARA COPA DO MUNDO 2018   (pré-lista)

Goleiros: Carlos Cáceda (Deportivo Municipal-PER), José Carvallo (UTC Cajamarca-PER) e Pedro Gallese (Tiburones Rojos de Veracruz-MEX)

Defensores: Luis Abram (Vélez Sarsfield-ARG), Luis Advíncula e Pedro Aquino (Lobos BUAP-MEX),  Miguel Araujo (Alianza Lima-PER), Wilder Cartagena ( Tiburones Rojos de Veracruz-MEX), Aldo Corzo (Universitário-PER), Christian Ramos (Veracruz-MEX), Alberto Rodríguez (Junior Barranquilla-COL), Anderson Santamaría (Puebla FC-MEX) e Miguel Trauco (Flamengo-BRA)

Meio-campistas: Christian Cueva (São Paulo-BRA), Paolo Hurtado (Vitória Guimarães SC-POR), Nilson Loyola (Melgar-PER), Sergio Peña (Granada-ESP), Yoshimar Yotún (Orlando City SC-EUA) e Renato Tapia (Feyenoord Rotterdam-HOL)

Atacantes: Raul Ruidíaz (Monarcas Morelia-MEX), Jefferson Farfán (Lokomotiv Moscow-RUS), Edison Flores (Aalborg BK-DIN) e Andy Polo (Portland Timbers-EUA)


*Estatísticas disponibilizadas pelo site Transfermarkt.

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