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O susto que fez bem ao Cruzeiro


No clássico das incertezas, sobre como estrearia Barcos pela raposa e como se comportaria o América sob comando de Ricardo Drubscky, melhor para o Cruzeiro, que venceu o rival por 3 a 1, com gols de Arrascaeta, Robinho e Raniel. Christian descontou para o alviverde. A vitória celeste, no entanto, não foi tão simples como o placar sugere. O time de Mano Menezes precisou de um susto – por sinal um belo susto – para acordar na partida e conseguir triunfar no clássico.
  
Foto reprodução Cruzeiro

Cruzeiro e América iniciaram o jogo com formações parecidas, 4-2-3-1. Quando tinham a bola atacavam nesse sistema, quando ficavam sem ela, o Cruzeiro marcava no tradicional 4-4-2, deixando Thiago Neves e Barcos marcando a saída de jogo entre os defensores rivais, e o América marcava no 4-5-1, povoando todo o meio de campo para fechar os espaços para infiltrações dos meias celestes.

Isso dificultou e muito a progressão ofensiva do Cruzeiro. Sem espaços para entrar na defesa americana, o time celeste tentava, mas errava muitos passes no começo do jogo. O América aproveitava a velocidade de seus jogadores de meio de campo e contra atacava com rapidez, explorando as laterais celestes. Até os 15 minutos, o jogo foi assim: Cruzeiro tentando atacar, errando e tomando contra-ataque do América. Depois disso, a raposa colocou a bola no chão e trabalhou ela com calma, por sinal calma até demais.

Essa é uma velha sina do time de Mano Menezes. Manter a posse da bola, mas trabalha-la com lentidão. Me refiro a não acelerar o passe para tentar obstruir a marcação adversária. O lance do gol do América, que saiu na frente, foi assim. O Cruzeiro tocava a bola com uma calmaria danada entre os zagueiros até Dedé se enrolar todo com a redonda. A imagem abaixo mostra que o jogador tinha opção de Robinho à frente ou mesmo de voltar a bola para Henrique. Se toca de primeira, evitaria o erro.

Rafael Moura fecha a linha de passe para Ariel Cabral. A defesa do América adiantou jogadores para marcar a saída de jogo celeste, mas Robinho aparece dando opção para Dedé. O defensor não olha pra bola e se enrola com ela.

A partir do gol tomado, o Cruzeiro melhorou. Passou a dar velocidade na troca de passes, intensificou a movimentação ofensiva e chegou ao gol 3 minutos depois com Arrascaeta. O gol animou os cruzeirenses, mas a bola só voltou a entrar no gol americano no segundo tempo com Robinho, em outra boa jogada celeste de troca de passes e movimentação. O golpe final veio com Raniel, que surgiu de uma invertida de jogo de Arrascaeta, pegando toda defesa do América desprevenida.

No lance do primeiro gol do Cruzeiro, a boa troca de passes e movimentação dos jogadores celestes fizeram com que a defesa americana não acompanhasse Robinho e Arrascaeta. Perceba Messias perdido na defesa, enquanto Robinho infiltra no espaço vazio deixado pelo zagueiro.

O Cruzeiro mostrou ao torcedor um time que pode ir longe nos torneios que está disputando. Mas é preciso entrar com o espírito que encarnou ontem após levar o gol. Em muitos jogos, a raposa é lenta e burocrática na armação das jogadas. A bola roda muito os defensores, pois não há opção de passe para progressão ao gol adversário, ou seja, a transição defesa/ataque é lenta e sem muitas alternativas.

Ter a posse de bola significa menos riscos de o adversário fazer o gol, mas não significa que o teu time vai fazer o gol. Sem objetividade, a posse se torna ineficiente do ponto de vista ofensivo. A vitória celeste colocou o time na sexta posição com 21 pontos, 6 a menos que o líder Flamengo. O América caiu para o 16º lugar com 14 pontos, um a mais que o primeiro time do z4, o Bahia.

Foto: Mourão Panda/América MG

Na próxima rodada, a 14ª, o Cruzeiro voltará a jogar no Mineirão, no domingo (22/07), às 19h, contra o Atlético PR. Enquanto o América vai à Curitiba, enfrentar o Paraná, também no domingo, mas às 16h.

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